sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Desabafos de um coração indeciso

Os amigos dela andaram percebendo sua mudança. "Você tá com uma carinha de quem brigou com o namorado", "A Isa ta ali na depressão", "O que aconteceu que você tá com essa cara tristinha?". Era sono ela dizia, mas não, aquilo não era sono, tinha outro nome, ou melhor, outros nomes.
Eu fui o culpado de tudo, eu não resisto, adoro aquela sensação do sangue esfriando e correndo rapidamente pelas veias, do frio na barriga, de palpitar rapidamente e uma hora quase parar. E parece que as sensações multiplicam quando você está correndo perigo.
Minha dona também gosta de perigos mas ela não gosta de machucar os outros, não gosta de fazer nada escondido, nem de trair a confiança das pessoas. Por isso ela não estava gostando disso que estava acontecendo. Estar namorando, e se apaixonando por outros pelos cantos parecia errado para ela. Então decidiu pedir um tempo para seu namorado e continuar com suas paixões pelos cantos.
Ela continuou, agora novamente eu sou o culpado. O culpado pelas noites que ela colocou seu fone e escolheu uma música triste e pensou em todos os meninos que andaram mexendo com ela...
Havia uma brincadeira de cabo de guerra em sua garganta, a corda não era como as outras, tinha um nó no meio. E cada vez que as pessoas dos lados puxavam a corda, o nó apertava fazendo a garganta dela doer. A mão das pessoas doía pois a corda machucava, precisavam gritar, logo ela precisava também. Tanta coisa já tinha se machucado ali que eu quis entrar nessa também, não é que eu quis, foi inevitável, o coração sempre sente demasiadamente o amor, ou a incompreensão dele. E eu senti, até hoje sinto, até agora sinto.
Ela perguntava para mim: "O que é coração? O que é que você está querendo me dizer? Quem você está querendo que eu escolha? Porquê está fazendo isso comigo?
Por vezes ouvi sua mente conversando com si mesma, dizendo: "Por mim eu mataria o coração". A mente me odeia, ela acha que se não fosse por mim tudo seria mais fácil. E talvez fosse mesmo, mas se fosse fácil, qual seria a graça da vida? A graça de lutar para conquistar os desejos que almejamos? Se o coração de fato morresse, os sentimentos morreriam também, e qual seria a graça da vida se você não pudesse sentir?
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Quero encerrar esse texto dando minhas meras desculpas a minha dona. Querida desculpe-me pela indecisão, por ser o seu coração e não te mandar nada, a não ser uma carta. Porém digo-lhe, faça o que quiser, se sentir frio na barriga vá atrás, se sentir vontade de ficar, fique. Se sentir vontade de ir, vá. Escute as batidas do seu coração e entenderá. 
De: Seu coração confuso
Para: Uma garota confusa

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