segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Presa na Torre

 Eu sou Rapunzel. Presa na torre. Mas meu cabelo é curto impossibilitando chegadas. Nem a bruxa vem me visitar. Apenas um quarto vazio e solitário. Apenas uma garota, vazia e solitária.
 Por vezes me debruço a janela e ouso sonhar com o horizonte, com o ar fresco e com a sensação que deve ser estar lá fora, livre.
 E por mais que venhamos a criar expectativas, essa é uma história sem enredo, sem climax, apenas a tranquilidade e a inércia dos domingos. 

 Fui criada assim, dentro de uma torre e poucas vezes sai para me aventurar, das vezes que sai me senti viva e grata por viver. Por ora parece que tenho morrido cada dia um pouco mais, enquanto tudo o que eu sonho é viver novas aventuras.
 As vezes penso em chamar alguém para fugir comigo, não quero ir sozinha pois já tenho feito isso a tempos em meus devaneios. Quero companhia, quero algo imprevisível que me surpreenda. Não quero nada duradouro, disso já me basta a estadia nesse lugar.  Eu quero me divertir, conhecer novas pessoas e conhecer o mundo, lugares que nunca estive, quero novas experiências e um pouco de rebeldia. Quem sabe ainda sou uma garotinha, presa numa torre esperando o príncipe chegar, e então me salvar da escuridão desse quarto monótono. Eu posso me salvar! Minhas lágrimas podem curar meu sofrimento, como Rapunzel cura a cegueira do príncipe no final da história. Esse problema do qual não preciso me livrar, vejo muito bem, ver é o que mais faço por trás dessa janela. O problema é o peso que o sofrimento me causa, minhas asas não são tão fortes, e preciso me livrar dele. Talvez eu possa corta-lo, como cortei meu cabelo.

sábado, 8 de julho de 2017

Who are you?

Running to fall

Running to fall.
I can't just take it easy.
I fell empty.
And full.

Full of pain.
Do I deserve it?
Do I deserve something?
Why don't they just leave me alone?

I wanna peace.
Doesn't make much sense.
Want to be alone,
To be in peace
When you are a chaos.




 Estou entediada. Sim, tenho muito a fazer. E estou ansiosa. Paralisada. Tempos conturbados. Tenebroso inverno em mim. 
 Tenho medo. E não quero estar aqui. Onde vou quero ir embora, e quando embora vou... quero permanecer indo. 
 Sou D. João fugindo de Napoleão Bonaparte, não quero o bloqueio continental.

Espero por Peter Pan. Mas ele parece não chegar. Na janela do meu quarto, em noites que por vezes são iluminadas pela Lua, penso que deveria ter pensamentos bons para o chamar. Contudo não consigo. Meus pensamentos me derrubam e caio da janela. Estou sangrando. E quero chorar. 
 Mas não quero que ninguém ouça. 
 Eu sou fraca,
 Porém não quero que eles saibam,
 Sabemos bem como eles tratam os fracos.

 É outono,
 e pisamos nas folhas que caíram.
 Elas fazem "crak"
 É como se chorassem
 Rissem
 Gritassem.
 Sequer ligamos.
 Porque pisar nas folhas nos causa prazer.

 Dó 
 Re 
 Mi
 Reme 
 para 
 bem
 longe

 E não volte tão cedo
 Ou não volte.

 Não tenha dó.
 Eu não preciso de dó.

 Quero Peter Pan.
 E quero voar.
 Mas ele não chega.

 Sem pó de pirlimpimpim,
 Apenas uma noite escura,
 A lua agora se foi.
 E o céu sequer tem estrelas

 Mas
 ainda é um céu?

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Cobrança

Tiliiiim, o telefone toca. Cobrança. Ninguém merece. Dor de cabeça e stress.
Não tem dinheiro para pagar.
Mas continua escutando.
Pois os que fogem são fracassados para você.

E, ser um fracassado seria abominável.
Torturando-se
Sente seus nervos contraindo, e sua respiração acelerando
Daqui a alguns segundos a chaleira irá apitar.

Mas desistir?
"Ah isso não!"

Sequer pausa o telefone.

Sendo que as vezes,
Tudo o que você precisa é pausar.
Por si.

Essa ligação
Só te desligará

Gradativamente
a
d
o
e
c
e
n
d
o
Como todos
Ao seu redor.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Você não é uma máquina

 Você não conseguiu riscar todas as suas metas hoje? Não fez tudo o que queria? Não estudou tudo que precisava? Não é tão bom quanto os outros? Não é perfeito?
 Tudo bem, ninguém é. Apesar das pessoas tentarem mostrar que são. Todos temos dias não tão produtivos, todos pensamos em quanta coisa deixamos de fazer, e não é sempre que conseguimos riscar nossas metas diárias. Porque somos pessoas, vivendo uma vida cheia de imprevistos, sentindo diversos sentimentos e com um bocado de distrações a nossa volta.
 Na Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, milhões de pessoas foram substituídas por máquinas. Pois elas são muito mais eficientes, não requerem salário, não dispõem de sentimentos, apenas trabalham, ligam e desligam. Pessoas vão muito além de engrenagens. Nós somos seres muito mais complicados, cheios de Q's. E quantas vezes desejamos nos diminuir... quantas vezes queremos apenas ligar e desligar. 
 Ser o melhor chefe, o melhor empregado, o melhor aluno da sala, o melhor músico, o melhor artista, a melhor pessoa, o melhor amigo, o melhor... Sempre o melhor. E quando falo isso eu me incluo. Queremos tudo tão perfeito e feito. Talvez por estarmos tão acostumados com máquinas, ágeis, eficientes, produtivas, melhores, perfeitas. E esquecemos que até as máquinas quebram. 
 Como pessoas quebram; como tudo está em incandescente transformação.
 
 Sim, não discordo, realmente devemos buscar o melhor, a ambição é necessária. Mas não é necessário nos subestimarmos intelectualmente por pequenas falhas, ou por grandes, que sejam. 
 Você não é perfeito, eu também não sou, ninguém é, e está tudo bem...

domingo, 30 de abril de 2017

Saudades que cheiram


 É cedo, e saio, o frio da manhã é sempre diferente, é sempre outra sensação. E me lembro de ventos antigos pelas manhãs. Que são doces. Eu sempre lembro. Um ano atrás me lembraria do ano antecessor, e então no antecessor me lembraria de um ano atrás. Memórias são aconchegantes. Elas podem ser. As que penso e cheiro aqui são. Quase posso tocá-las, senti-las, vê-las. Através de retratos e efeitos de uma alma.
 Dizem que quem pensa demais no passado adoece, contudo penso não de uma forma melancólica e triste, e sim com uma sensação de alegria, não exorbitante, mas calma, uma delícia em ter sido. E é bom lembrar quem fui, e é bom sentir os ventos e os frios das manhãs, de Sábado ou qualquer dia da semana, é bom sentir os cheiros que as fragrâncias um dia me presenciaram. 
 Memórias são reconfortantes, somos feitos delas.
 Digam se quiserem, realmente tenho um pensamento um tanto romântico e fantasioso a respeito do meu passado. É claro que, por mais que talvez pense que não, também tive dores, que cheiram ao metal do sangue e ao salgado das lágrimas, ou que simplesmente não cheiram a nada. Portanto todos me fizeram ser quem sou. Me levaram a memórias. E me levaram a estar aqui. A soleira da porta, escrevendo retalhos interiores do sentimento que é ser e ter sido quem sou. 
 Gosto quando as pessoas me contam suas memórias. Ainda mais as que a levam a transparecer sonhos, e sorrisos. E como se eu também, de certa forma, pudesse toca-las, senti-las, cheira-las. E sorrisse junto. E sonhasse junto. Vamos falar sobre boas memórias, vamos falar sobre sonhos, sonhos que ainda vem e sonhos que já vieram. Vamos voar.
   


    Mas 
    quando
    c
    a
    i
    r
 Eu sempre estarei aqui. Memórias nem tão boas acontecem, são essências em vida, são pilares que sustentam no teto as melhores. 
 As vezes sós, olhamos as paredes; as vezes sós, olhamos para o teto, e não há nenhum problema nisso. Quem sabe, ainda além observemos o céu, olhemos às estrelas.
  As paredes constituem a nossa casa; o ar, que até a termosfera é constituído de infinitas partículas, constroem a nossa atmosfera. Apesar da sensação em cada camada da atmosfera, continue voando pelas partículas, e sinta o vento das manhãs frias tocando sua pele. E voe, como diria um velho amigo, "ao infinito e além". 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Querido remetente,
          recentemente tenho odiado aquela frase de Paulo Leminski que diz "Isso de querer ser quem a gente é ainda vai nos levar além!", NÃO! 
Isso de não querer ser quem a gente é nos leva além!
Nos leva a estudar, assistir e ler aos jornais, ler mais obras literárias, se envolver mais com a cultura, a arte, a criação.
Este ano, querido remetente, é um ano decisivo para mim, farei o Enem e o Vestibular, se eu passar começarei já ano que vem o curso de psicologia que tanto quero fazer, e se eu não passar, terei de estudar mais um ano. Mais um ano me auto-cobrando ser o suficiente, sem ter o que eu realmente quero. É janeiro mas já estou por estudar, não quero perder tempo. Fiz uma viajem de 4 dias, da qual por estranheza nem sequer queria ir, nem tanto por estranheza mas sim porque queria ficar e continuar envolvida com os estudos. Fui. Hoje voltei e as 3:30 da tarde estava de volta a minha casa. E todas as minhas outras 9 horas de nada foram produtivas. 
 Queria customizar meu caderno, procurei inspirações mas ao fim não estava com o material suficiente e resolvi esperar até amanhã, digo, hoje pois já é 00:00 em ponto. Continuei por ver videos de criações pois adoro e nas férias posso faze-las. Mas me bloqueio outra vez. "Perder tempo com isso?", "Eu devo estudar!", "Isso vai me levar a onde?", "Por que preciso disso agora?" "Tenho que pensar no meu futuro!", "Isso não vai me fazer crescer!"
 Minutos atrás acabei por ler um texto escrito por um psicologo sobre a auto-cobrança, diz ele ser ruim, no entanto se não for por ela nunca serei alguém. E não, na verdade não tenho pensado que já sou alguém. Também  não ouse dizer a mim, sentirei como algo forçado mesmo que não seja de sua intenção. Eu quero mais mas também quero paz. 
 Quanto mais busco o insaciável eu, mas me chateio. Por não sê-lo. E por nunca poder sê-lo. Enquanto ao mesmo tempo nunca quero ser, como ao mesmo tempo quero que sempre haja uma missão a frente para me dar sentido a vida. Para dar sentido a mim. Para que eu  e o mundo perceba minha real existência.