quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Mãos de Tinta

 Lavando minhas mãos de tinta desde 2014, mas esse sabonete não limpa o que está no coração.  ♥


Lembro-me...

Lembro-me. Lembro de que aos meus 13, 14 anos eu tinha milhões de inseguranças. Lembro-me de que a maioria das minhas amigas já tinham um corpo formado enquanto eu estava começando a usar sutiã. Lembro-me da forma como eu me olhava no espelho. Lembro-me de como isso era piada entre elas. Lembro-me de olhar para a blusa das outras meninas para ver se elas eram como eu. Lembro-me de querer ter um peito e uma bunda grande, como cobrava-me a sociedade. Lembro-me de algumas vezes chorar no banho. Lembro-me de como eu fiquei quando minhas amigas me trairão. Lembro-me de estar com o grupinho de uma amiga que me acolheu e sou grata a ela, mas no entanto também lembro-me que não era o meu grupinho ali, eles eram diferentes de mim e já eram amigos a tempos. Lembro-me de que eu trancava minhas palavras na garganta, por timidez. Lembro-me de como eu desejava amigos. E hoje posso dizer a mim mesma que consegui! Posso trocar lágrimas que estavam prestes a cair por um sorriso de orelha a orelha. Posso dizer que hoje eu aceito meu corpo, mesmo não tendo muito peito e uma bunda enorme, sou feliz com ele, ter um corpo saudável deveria ser a nossa real cobrança da sociedade, e não o contrário, pois é o que tem acontecido. Posso dizer que agora você tem amigos incríveis. Posso dizer que venceu muitas das suas inseguranças, hoje tenho até um blog que logo será seu sonho. Posso dizer que agora são raras palavras que são trancafiadas a sua garganta, pois encontrei uma chave. Encontrei uma chave que abriu um sorriso lindo, por ti, poque venceste!

Oh tempo, querido tempo... Seja meu amigo.

E não são poucas as vezes que me encontro olhando álbuns antigos de fotografias no computador. Fotografias me fazem mais nostálgica, tenho de confessar. Elas me fazer parar e pensar no tempo, já o tempo, bem ele não para. Ele parece correr, sei que tão logo estarei a ler este post daqui a alguns anos. Tão logo estarei ao computador clicando a setinha para passar as fotografias que hoje tiro e que depois de alguns amanhãs serão nostalgias, e aos vídeos que hoje são apenas vídeos, mas que tão logo serão resgates de memórias. Oh tempo, querido tempo... Não desejo que passe depressa. Seja meu amigo. Sente-se aqui comigo, podemos tomar um suco de maracujá, não que eu esteja interessada em te acalmar. Gosto da vida que tenho hoje, entretanto tenho de aceitar que o tempo passa, provavelmente gostarei da vida que há alguns anos terei. Oh tempo, querido tempo... Mal bastaram a mim alguns minutos com você e já pude perceber; És um andarilho, andando por muitas estradas, entretanto nunca volta para as que já passou. Oh tempo, querido tempo... Que tu ande por todo o mundo sem nunca voltar atrás, mas que tu ande devagar apreciando a vista, pois sabes que não voltará mais a passar por essa bela rua...