segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Cuidado com os monstros embaixo da cama, criancinha.


Você age como uma criancinha com medo do bicho papão, com medo do que tem debaixo da sua cama, você acende a luz, e dorme com ela acesa. Contudo acontece que não tenho dormido a dias. Eu sou o monstro embaixo da sua cama. E você morre de medo de mim.
Sempre que me escuta chamar você coloca seus fones de ouvido pra não me escutar. Por que está fugindo de mim? Eu odeio você!
E eu adoro puxar teu pé a noite, acha que acordou sem meias com o pé frio porque tirou sem perceber? Acha que o rádio chiou porque o sinal estava falhando? Acha que a luz acordou apagada porque sua mãe desligou? 
Você não pode ficar e aguentar a dor, você não pode escutar a dor, e você não pensa na minha dor, que eu acho que nem sinto mais. Só não me canso de perguntar por que? Por que? A dor dessa abrupta morte? A morte abrupta do nosso amor, quer dizer, do meu? Você saiu ileso e eu fiquei aos pedaços.
Odiei você por dias e penso porque um dia gostei de você, sua alma é horrível. Você é frio como o Alaska. Você é tão frio que minha pele congela e meu nariz fica vermelho. Quando você foi eu estava sem casaco e ainda estou, não aceito o casaco de nenhum garoto que me ofereça. 
Eu sou o porquê que você teme. Eu sou o monstro debaixo da sua cama que você teme. Eu sou a sua fuga. O motivo dela.
E você é a minha incompreensão. Que como todas as outras não inquietei-me até compreender.

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