É de manhã, não resisti a tentação de escrever, esse conto de fadas mexeu comigo. Pude abrir os olhos tanto para o dia quanto para o conto de fadas a minha frente por volta de 8:30, quando ele me acordou para perguntar sobre o remédio e ela havia chegado chorando. Dei oi, disse que havia tomado o remédio ontem a noite e que provavelmente só o tomaria hoje a noite de novo. Levantei, fui à cozinha enrolada no cobertor devido ao frio, para tomar café. Com a roupa do uniforme vi a menina chorar, e em meio as lágrimas ela dizia: "Mãe, eu quero a minha mãe". Pensei em sua mãe quando criança, ao coletar frases interruptas de adultos eu sabia sua história; sua mãe a havia deixado, apenas com o pai. Imaginei quantas vezes ela chorou com o uniforme, ou até mesmo sem ele, de qualquer forma, no banho ou na cama encolhida se afogando nas próprias lágrimas. Pelo menos ela tinha um bom pai.
Pelo menos ela tinha um bom pai, o qual amenizava as suas dores. E com um chocolate, a tristeza da agora neta ele tentou amenizar. Levou-a para cama e deitou ao seu lado, abraçou-a e ficaram conversando sobre diversas coisas, alfabeto, separação, cidades, frio, calor e ovos de páscoa; até que adormeceram. Eu aqui na sala ouvia a voz doce de criança e a voz amável de um adulto que sabe cuidar dela.
Ouvi ele ensinar como se desenha o "B", ouvi também daqui da sala, enquanto enrolada na coberta tentava ler um livro, algo que me fez concluir que a melhor história era a que eu ouvia, e não a que eu lia. Era ainda emocionante e tão real quanto a vida, os personagens não eram personagens, mas sim pessoas de verdade, e que conviviam comigo. Nenhum deles é perfeito! Ela é cheia de fazer birra e emburrar-se, porém é corajosa, extremamente esperta, e quando quer é bem amável; é morena, tem um cabelo um tanto liso que ao fim se enche de cachos, sua maior característica é uma pinta no olho, seu nome é Maria Fernanda. Ele reclama quase mais do que fala, pragueja bastante e as vezes brinca quando é para ser sério; contudo ele possui muito amor que chega a transbordar por seus olhos, e ele não o guarda, têm uma paciência imensurável e quase nunca briga com alguém, prefere doer em si mesmo do que nos outros, seu nome é Gilberto. E todo amor que ele tinha refletia na sua doce voz falando com a criança: "Então por que eles não ficam juntos?". E aqui, sentada no sofá da sala percebo que o "eles" à quem se referiam não importava, talvez o melhor fosse não estarem juntos mesmo, porque o melhor é estar com quem te faz melhor!
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